quarta-feira, 1 de abril de 2009

Perdido em Nürnberg


A escola de alemão que frequento organiza mensalmente algumas viagens, no estilo bate-e-volta, a cidades perto de München. A deste final de semana foi a cidade de Nürnberg, a segunda maior do estado da Baviera. As cidades aqui da Baviera são todas muito iguais, todas com uma igreja e um castelo. Já estou começando a achar meio chato.

Mais o que foi chato mesmo foi o clima, frio, e pior, chuvoso. Difícil manter o bom humor e um espírito de turista. Você não vê a hora de ir para baixo de alguma marquise. Dá uma olhada na minha cara de prazer:

Acontece que aqui eles incentivam bastante o turismo dentro do estado da Baviera. Existe um ticket de trem, o Bayern Ticket, que é muito mais barato que os outros e te dá direito de viajar livremente dentro do estado. Se comprado em grupo de 5 pessoas, custa 6 euros. Mais barato do que ir até o aeroporto de Munique.

Voltando a falar da cidade de Nürnberg, ela tem muito história relativa a Segunda Guerra Mundial. Foi palco de vários comícios e festas do Partido Nazista (uma enorme arena abrigava nestes comícios um público de até 20 mil pessoas). E foi lá também que aconteceu os famosos Julgamentos de Nürnberg, onde foram condenados os oficias nazi por crimes contra a humanidade.

Tem um museu bem bacana. Pena que sobrou pouco tempo para fazer uma visita mais completa. O audio guide em museus, pão duro como sou, nunca compro. Desta vez foi de graça. E quanta diferença! Sensacional, agora vou sempre comprar.

Mais fotos aqui. (Orkut)

Auf Wiedersehen!

quinta-feira, 26 de março de 2009

Perdido em Veneza


Mesmo com a grana curta e contada, tirei alguns dias (três precisamente) para conhecer Veneza. Fica a poucas horas daqui e o trem passa no meio dos Alpes, na altura de Innsbruck, na Áustria. Veneza é muito interessante, dá pra ver como o ser humano se adapta a qualquer situação.

Uma cidade construída em pequenas ilhas no meio de muita água. Pra se movimentar só com barcos. Que demoram muito e são bem caros. Uma dica: se for visitar, um dia basta. Confesso que no final fiquei entediado. Mas não há nada como ficar entediado em Veneza.

Mais fotos aqui. Isso claro, se você tiver orkut.


Munique é a cidade com o custo de vida mais caro da Alemanha. Para viver por aqui no estilo "low budget" tem que se virar. Mas há opções. A primeira é beber menos cerveja. Ok, isso não é uma opção. Vamos desconsiderar esta. Outra opção é comer em casa. Restaurantes são caros.

Aqui existe um supermercado de descontos, chama-se Aldi. É a versão alemã do Barateiro brasileiro. Tudo zoneado, caixas jogadas no chão, sem serviço nenhum, mas (com ênfase neste "mas") barato, muito barato. Para você ter uma idéia, três pizzas congeladas por 2 euros. Não é de má qualidade, é barato pelo modelo de negócio (sendo marketeiro, acho que curto mais o modelo de negócio do que os preços, mas deixa pra lá).

Enfim, tem que cozinhar. Nada complicado, umas massas, risotos, purê, algumas carnes congeladas. Suficiente para voltar prendado, quem sabe.

Auf wiedersehen!

quinta-feira, 19 de março de 2009

Ein sonniges Wochenende


Desde que cheguei, dias de sol são raros. Dias de sol em um final de semana então, mais fácil o alemão aprender a falar o nosso "ão" (por ex.: pão) do que isso acontecer. Mas aconteceu, e vejam só, ainda em fevereiro. No finalzinho, é verdade.

Sol em fevereiro não é igual a calor, mas deu para andar só de camiseta (fora da sombra). Fui até o Starnberg See, o maior lago da Baviera e o quarto maior da Alemanha. Ele foi formado pelo derretimento dos gelos dos Alpes, que ficam pertinhos. Pelo menos é o que diz a Wikipedia. Foi lá que o Rei Ludwig II, aquele louco que construiu mais que o Maluf, morreu em circunstâncias misteriosas.


E no Domingo, já que incrivelmente ainda fazia sol, fui ao Englischer Garten, aquele que já comentei por aqui (arquivos a sua direita). O lago do parque continuava meio que congelado, mas muita gente que não tem nada melhor pra fazer como eu foi lá, pisar no barro formado pelo derretimento do gelo, tremer com o vento gelado e beber cerveja (sendo a última a melhor parte obviamente).


E as pessoas sentam no pier e apoiam os pés no lago! Isso mesmo, incrível, sentar na beira do lago e apoiar os pés no próprio. Só aqui na Alemanha mesmo né? Coisa de primeiro mundo.

Nesse último final de semana fui a Veneza. Mas disso eu falo no próximo post.

Auf Wiedersehen!

domingo, 8 de março de 2009

Kult Fabrik München


Vira e mexe me perguntam: e as baladas por aí? Pois é, tirando o fato de que definitivamente alemães não sabem dançar (eles fazem um movimento estranho descoordenado que eles chamam de dança), as baladas daqui são muito boas. Uma em especial: a Kult Fabrik.

Não é bem uma balada, é uma Disneylândia das baladas. É um local que têm nada menos que 18 baladas diferentes, todas uma do lado das outra. Vários tipos de músicas e públicos (por consequência) diferentes.


E o melhor: toda sexta com apenas 5 euros você ganha uma pulseira e entra em qualquer umas das 18 baladas. Não só entra como pode circular entre elas. Não tá legal aqui? Ah, vamos sair, dar dois passos e entrar na do lado. Tudo isso por 5 euros. As bebidas são caras, mas é pra isso que existe esquenta (aos desentendidos: beber em casa e depois ir). E se você levar pelos menos três mulheres a casa te recompensa te dando uma garrafa de Absolut. Isso mesmo, uma garrafa.

Além desse paraíso existem outras boas opções: Studio Café (boa música), Spielwiese (moderna, com 3 ambientes) e Pachá (aquela mesma cara que tem em São Paulo).


Se estiver cansado e preferir sentar do que dançar existem inúmeros bares, mas fecham cedo, em geral 1h da manhã. Recomendo (e muito) o Kilians, um Irish Pub perto da Frauenkirche aonde você pode ouvir uma boa música estilo Folk irlândes e tomar a melhor cerveja do mundo" a Guiness (pelo preço exorbitante de 4,20 euros). Do lado dele tem o Ned Kellys, um bar australiano do mesmo dono. Só que mais desanimado, sem música. Bom apenas para assistir os jogos das Champions League.

Pronto, está aí um quase guia noturno.

Auf Wiedersehen!


quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Fasching in München!

Em Munique também tem carnaval! Mas ele é chamado de Fasching. Todo mundo veste uma fantasia e cai na folia. Quer dizer, o que eles consideram folia. Mas vá lá, não é tão mal assim. Tem festa todo dia, mas terça é o grande dia. Todos no centro da cidade bebendo e curtindo as músicas. Rolou até batucadas e baterias.







quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Olympiazentrum

Munique foi sede da Olimpíada de 1972. Os jogos que ficaram famosos pelo atentado terrorista em que 5 árabes invadiram a vila olímpica e mataram 11 reféns israelitas. Ficou conhecido como o Massacre de Munique. A vila continua lá e eu fui visitar esses dias. O centro aquático é excelente. Com pouco mais de 3 euros você tem acesso e pode nadar na piscina enquanto assiste lá fora a neve caindo. A água e o ambiente são aquecidos, você não sente frio.

Frio que voltou com força nesses últimos dias. Nevasca forte. E quando sai o sol, ao invés de comemorar você lamenta. Com tanta neve na rua, imagina o resultado de um dia de sol. É, neve é água, que derrete. As ruas viram uma lama e você tem que andar bem devagar para não cair de cara (ou de bunda).


Uma descoberta recente íncrivel: o Barateiro alemão. Você já foi em um supermercado Barateiro (ou o Dia)? Pois é, eles tem destes aqui também. Uma zona, caixas no chão, produtos quase fora da validade, uma zoeira. Mas o preço é uma beleza. Comprei muita coisa e paguei menos de 20 euros. E tem um aqui do lado de casa. Existem outros mais caros, mais aqui na Alemanha eu abraço qualquer descontão.

Quer aprendão alemão? Möchtest du Deutsch lernen?

Auf Wiedersehen!

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Was verbindet die Welt?



Conheci uma argentina, que mora com uma espanhola, numa casa de uma família alemã, cujo avô nasceu na Áustria. A espanhola se diz basca, pois é daquela região. A argentina tem outra amiga argentina, com pais mexicanos, que mora na França e gostaria de ser francesa. Na escola tem um russo, que não gosta dos russos, sonha ser alemão e se dá bem com um garoto do Cazaquistão. O cazaquistanês adora brasileiros, e já morou em Portugal. Os portugueses daqui não entendem os brasileiros, que por sua vez não entendem os argentinos, que por sua vez se esforçam para entender os espanhóis, que dizem ter mais dificuldade em aprender o alemão. Os argentinos, franceses, russos, italianos, alemães, cazaquistanêses e espanhóis são unânimes: os brasileiros são os mais animados (e falam muito alto). Já eu acho que dá uma boa briga com os australianos. Seria a Austrália o Brasil que deu certo? Australianos bebem mais que os alemães, que bebem mais que o tchecos, que bebem mais que os brasileiros, que bebem mais que todos os outros habitantes de países de língua espanhola.

O mundo está assustadoramente conectado. Aqui em um dia eu falo alemão, português (com baianos, mineiros, paulista, cariocas, gaúchos), inglês, portunhol e até um pouco de russo (привет!).

Agora, a partir dessa semana eu sou B1! Explico: o sistema básico aqui de aprendizado divide em 6 níveis: A1, A2, B1, B2, C1 e C2. É meio que uma linguagem universal. Se eu chegar em qualquer lugar e dizer que sou B1 a pessoa vai saber mais ou menos o quanto eu falo o alemão. Pelas minhas contas até eu ir embora termino o C1. O que não me transforma num Mestre Yoda mas pelo menos num Jedi. O que já tá de bom tamanho.

Auf Wiedersehen!

domingo, 1 de fevereiro de 2009

WG: Wohngemeinschaft!



Munique é a cidade mais cara de se viver na Alemanha. Os valores dos alugueis são absurdos. Achei que seria mais fácil arranjar um lugar para ficar por aqui, mas não foi. Os estrangeiros não se juntam, ficam em casa de família. Os brasileiros que fazem universidade moram em alojamentos exclusivos. Me sobrou uma alternativa: o WG.

WG é abreviatura para Wohngemeinschaft, traduzindo porcamente: uma república. Jovens de toda Alemanha (ou do resto do mundo) que vem pra cá estudar/trabalhar/pesquisar/vagabundiar alugam um apartamento juntos e montam as repúblicas. Quando alguém sai para voltar para sua terrinha, um quarto fica vago. E esse quarto é anunciado em alguns sites especializados (eu usei o wg-gesucht.de). Daí você liga interessado, se candidata e espera a decisão da cúpula.

O problema é que a demanda é muito maior do que a oferta. Lembra da teoria oferta x demanda que você aprendeu aquele dia? Então, a concorrência é grande e alguns já te descartam por ser por um período curto (Zwischenmiete) ou por ser brasileiro (apesar de não justificar desta forma).

Dei sorte e consegui um logo de cara, de primeira. Vou morar com um alemão.

Traduzindo (livremente, não ao pé da letra, me poupem) a tirinha a cima:

1. Meu Deus! Acabou a cerveja!

2. E quem foi o idiota que deixou essa louça suja aqui?

3. Como eu fui? / Nada mal. Nós faremos contato. (Mesa: juri dos novos moradores).

E na escola toda semana tem gente chegando e gente indo embora. É bom por quê você conhece muita gente diferente do mundo inteiro. Mas é ruim por quê as amizades que você vai fazendo vão indo embora e você fica. Aliás, que bom que eu fico.

Auf Wierdersehen!

sábado, 24 de janeiro de 2009

Eisbach-Surfen am Englischen Garten

O Englischer Garten é o maior parque urbano da Alemanha. Dizem que fica muito lotado no verão. É maior que o famoso Central Park em NY. Agora, com o frio, está quase sempre vazio. No meio dele passa um riacho com águas do rio Isar, que fica logo ao lado. Em um lugar específico a água vem com força e forma uma onda. Junte isso com a criatividade humana e o resultado é: surfe no meio da cidade e a quase 900 km do oceano.

Duvida? Eu filmei.





Sim, a água é gelada. A temperatura neste dia era de zero grau.

A BMW foi criada aqui. BMW é Bayerische Motoren Werke, em português "Fábrica de Motores da Baviera". A Baviera é o estado o qual Munique pertence. Esses alemães sabem fazer carros.

Ah, e se você estiver andando por Munique, cuidado com os cavalos e seus respectivos jóqueis. Ainda bem que há sinalização.

Auf Wiedersehen!

domingo, 18 de janeiro de 2009

Ein Prost auf die Gemütlichkeit!

Você sabe o que é "Reinheitsgebot"? Pois é, em 1516 o Duque da Baviera, talvez irritado por ter sido acometido por uma ressaca brava, criou este palavrão aí, que para os íntimos é conhecida como a Lei de Pureza da Cerveja. É isso mesmo, existe uma lei que determina os ingredientes envolvidos na produção de uma cerveja feita por aqui: apenas e tão somente água pura, malte, lúpulo e fermento. Há também outras "exigências" da lei que evitam muitas dores de cabeça no dia seguinte.

E você sabe o que é um Maß? (Calma, não foi um erro de digitação. A letra "ß" faz parte do dicionário alemão. Pronuncia-se um "S" bem forte e carregado). O Maß é o que estamos segurando aí na foto. Um copo pesado de um litro que requer uma técnica apurada para erguer e tomar. Ein Maß bitte! (Ou em bom português: mais uma campeão!).

Neste Sábado, depois de várias provocações de ambas as partes, um grupo de australianos lançou o desafio: Brasil x Australia. Seis copos de meio litro para cada equipe, quem matasse primeiro ganhava. Infelizmente perdemos, mas não deixamos de honrar o país! Terá revanche. Ah, terá.

Perguntem-me: é bonito o Allianz Arena? Por fora sim, por dentro não sei. Estava fechado para visitação. Mas eu volto. O Allianz é o estádio do Bayern München. Time do Lúcio e do Zé Roberto. E também do TSV 1860 München, mais conhecido como "aquele outro time". Quando um joga o estádio ilumina-se em vermelho, quando o outro joga, em azul. E quando a selecão alemã joga ele fica branco. Mas calma, neste dia aí não teve jogo nenhum. Era a névoa mesmo que pintou ele de branco.
Apesar da foto acima, o frio melhorou por aqui. Incrível: comemorei quando o termômetro marcou 6 graus. É, 6 graus é motivo de felicidade por aqui nesta época do ano.

Na Europa inverno é sinônimo de obras. Obras em todo lugar. É para estar tudo bacana no verão, época sagrada pra eles, por ser tão curta talvez. E também porquê no verão aqui ninguém trabalha.

Visitei Dachau, um dos maiores campos de concentração nazistas da Alemanha. É lá que treinavam os guardas para irem trabalhar em outros campos. Estima-se que mais de 14 mil pessoas morreram lá. É interessante do ponto de vista histórico, mais é extremamente deprimente. Você sai de lá mais triste do que se tivesse ouvido um CD do Legião Urbana inteiro.
Na porta está escrito "Arbeit macht frei", algo como "O trabalho liberta". Era a primeira coisa que o prisioneiro lia quando entrava.

Vivemos novos tempos? Não, Guantánamo está aí para provar que não. Só mudou os perseguidos: de judeus para possíveis "terroristas".

Auf Wiedersehen!